terça-feira, 27 de setembro de 2011

PRECE A SÃO COSME E SÃO DAMIÃO



Cosme e Damião, luzeiros espíritos da corte de Oxalá, amados benfeitores, queridos guias, nós vos imploramos a vossa proteção, força, saúde e resignação para que possamos cumprir com os desígnios de Pai. Dai-nos sempre os fluidos de paz, amor alegria e felicidade que vos são peculiares. Curai nossos males, fortalecendo nossos corpos materiais, proporcionando aos nossos espíritos as satisfações que lhes sejam agradáveis. Protegei-nos e a nossos familiares; protegei também, todas as criancinhas, para que tenham, a cada dia, uma vida melhor, sob o prisma material. Que vossos fluidos santos, recaiam sobre nossas cabeças, é o pedido que humildemente vos fazemos.
Saravá Cosme e Damião! Saravá todos Ibeji !
Que assim seja!

Parabens ao Babalorixa Jair de Bará!


Os primeiros missionários após identificarem, o que para eles era importante, o que representava este Orixá aos negros, logo o identificaram como o Diabo, talvez por alguns comportamentos que a Ele é comum, como: irreverência, prepotência, arrogância, astúcia e um ser nem um pouco puro, se óbvio, comparado aos padrões da Igreja Católica.
Por várias características pertencentes aos homens, Bará se apresenta como o Orixá mais humano de todos os Deuse africanos, a mais marcante e que responde sempre na mesma forma de como é tratado, se ganha o que lhe pertence, encontraremos um Orixá prestativo e presente, segurando todas nossas futuras necessidades, caso contrario devemos nos preparar, sem exagero, para alguma coisa desagradável. 
Como dono das chaves, dos portais, encruzilhadas e caminhos, deve sempre ter suas saudações, obrigações e cortes, este último quando necessário, feitos em primeiro lugar, assim nós humanos garantimos a segurança de nosso ritual, assim como no ritual é o Orixá responsável pela boa abertura dos trabalhos, está para nossos negócios e vidas, destrancando caminhos e abrindo portas, ou trancando e fechando, dependendo de nossos merecimentos e cumprimento de tarefas. 

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Historia de um Preto Velho

Noite na senzala. Os escravos amontoam-se pelo chão arranjando-se como podem. Engrácia entra correndo e vai direto até onde Amundê está e o sacode: - A sinhazinha está chamando, é urgente! - O escravo é conhecido pelas mezinhas e rezas que aplica a todos seus irmãos e o motivo do chamado é justamente esse. O filho de Sinhá Tereza está muito doente. É apenas uma criança de cinco anos e arde em febre há dois dias sem que os médicos chamados na corte consigam faze-la baixar. Sem ter mais a quem recorrer, no desespero próprio das mães, resolveu seguir o conselho de sua escrava de dentro e chamar o africano. Aproveitando a ida de seu marido à cidade, ele jamais concordaria, manda que venha. Sabendo do que se tratava o homem foi preparado. Levou algumas ervas e um grande vidro com uma garrafada feita por ele e cujos ingredientes não revelava nem sob tortura. Em poucos minutos adentram o quarto do menino e Amundê percebe que precisa agir com presteza. Manda que Engrácia busque água quente para jogar sobe as ervas que trouxe enquanto serve uma boa colherada do remédio ao garoto. Dentro de uma bacia coloca a água pedida e vai colocando as folhagens uma a uma enquanto reza em seu dialeto. Ordena que desnudem a criança e carinhosamente a coloca dentro da bacia passando-lhe as ervas no pequeno corpo. Nesse instante a porta se abre e surge o Sinhô Aurélio acompanhado do padre da cidade. Tereza grita e corre até o marido desculpando-se. O padre dirige-se a ela com ferocidade: - Como entrega seu filho a um feiticeiro? - dirigindo-se ao marido - Diga adeus ao menino, após passar por essa sessão de bruxaria ele morrerá sem dúvida! Tereza corre até o filho e o cobre com um cobertor enquanto o marido ordena que o escravo seja levado imediatamente ao tronco onde o capataz aplicará o castigo merecido. - Engrácia, acorde todos os negros para que vejam o fim que darei ao assassino de meu filho! Todos reunidos no grande terreiro ouvem a ordem dada ao capataz: - Chibata até a morte! E vocês - aponta todos os escravos - saibam que darei o mesmo fim a todos que ousarem chegar perto de minha família novamente. As chibatadas são dadas sem piedade, Amundê deixa escapar urros de dor entremeados com rezas o que somente aguça a maldade do capataz. Lágrimas copiosas correm pelas faces de muitos escravos. Após duas horas de intensa agonia o negro entrega sua alma e seu corpo retesa-se no arroubo final, finalmente descansará. O silêncio do momento é cortado por um grito vindo da principal janela da casa grande: - Aurélio, pelo amor de Deus - é Tereza com o filho nos braços - o menino está curado, a febre cedeu e ele está brincando! Assim morreu Amundê conhecido em nossos terreiros como o velho Pai Francisco de Luanda. Sua benção, meu pai! Permita que jamais voltemos a ver algo tão perverso em nossa história.